Hoje só se fala disso: grau de investimento. Ouvi dizer que o Brasil foi rebaixado. Onde?
Verdade, esse assunto dominou todos as notícias desde ontem. A agência Standard & Poor’s diminuiu a nota do Brasil. Por isso você está ouvindo falar nisso.

Agência do quê?
A Standard & Poor’s é uma agência de investimentos, uma empresa que presta serviços no ramo financeiro. Ela publica avaliações a respeito de empresas e governos do mundo todo. Essas avaliações mostram o grau de confiança que essas entidades têm.

Confiança? Calma, não estou entendendo nada. 
Tá, vamos com calma. A S&P (como também é conhecida) estuda o mercado de ações e empréstimos (crédito) do mundo todo. Ela avalia se as empresas e governos pagam em dia os empréstimos que fazem. De acordo com essas informações, a agência dá uma nota. Essa nota representa o quanto se pode confiar naquele país ou empresa. Entendeu?

Mais ou menos. A nota vai de zero a dez?
Não. Existem umas nomenclaturas próprias (e meio malucas) para mostrar essa nota. O Brasil, por exemplo, tinha nota BBB- até ontem. Passou a ser BB+. São mais de vinte notas diferentes.

E essa nota serve para o que, exatamente?
Boa pergunta: para orientar quem quer investir dinheiro. Por exemplo, empresas. Essa nota avisa a eles se é seguro ou não colocar seus investimentos ali.

Se o país ou a empresa pagarem as dívidas em dia ficam com nota boa? Só precisam fazer isso?
Não exatamente. Essas avaliações também consideram outros fatores. No “caso de países”, analisam “informações como taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e da arrecadação, gastos públicos, taxa de juros, exportações, nível e perfil de endividamento e o quadro político (Fonte: Ipea).

O que é o tal do grau de investimento?
Nada mais é que um patamar nessa escala de notas que diz o país é um ótimo lugar para se investir. No caso da S&P, saímos desse patamar de “grau de investimento”.

O que aconteceu com o Brasil, então? Tirou nota baixa?
Mais ou menos isso. A Standard & Poor’s comunicou ontem que a nota do Brasil diminuiu, como eu disse.

Por que isso aconteceu?
Por vários motivos. Um deles foi o orçamento que o governo apresentou ao Congresso. O orçamento, você deve saber, é a estimativa de tudo o que será gasto e o que será arrecadado pelo Brasil no ano que vem. Muito parecido com a casa das pessoas. Todo ano, o governo tem que fazer essa estimativa e mandar para o Congresso, que aprova ou não o orçamento. Um dos problemas foi que o governo disse que vai ter um prejuízo de R$ 30, bilhões em 2016. Ou seja, vai gastar mais do que arrecadar. Outro problema é a crise política. O governo tem dificuldades para passar medidas no Congresso. Como são os deputados quem aprovam o coisas com o orçamento, está difícil implementar cortes de gastos.

Mas e daí?
Isso, para a S&P, é um sinal que o Brasil está com as contas desequilibradas. O que, por sua vez, significa que o país pode deixar de pagar algumas de suas dívidas caso fique sem dinheiro.

Por que é um problema para o país ter “tirado essa nota baixa”?
É um problema porque dificulta as coisas. Por exemplo, as empresas e o governo brasileiros terão mas dificuldade para conseguir bons empréstimos no exterior. Os investidores estrangeiros podem preferir colocar seu dinheiro em países que tenham uma nota maior (ou seja, mais confiáveis, segundo a avaliação da S&P).

É o caos, então? Ninguém mais vai querer investir aqui?
Não é o caos. É um sinal ruim, mas ainda está longe de ser motivo para pânico. Em primeiro lugar, a Standard & Poor’s não é a única empresa que faz esse tipo de avaliação. Existem outras duas consideradas importantes pelos investidores: Moody’s e a Fitch. Só a S&P baixou a nota do Brasil. A Fitch, por exemplo, disse à agência Reuters que não rebaixará a nota do país porque não vê motivo para isso (leia aqui).

 

 

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