Sei que você já fez texto sobre isso, mas faz tempo. Me explica o que aconteceu em Mariana?

Claro. No dia 5 de novembro de 2015, duas barragens da empresa Samarco se romperam e causaram uma enxurrada de lama na cidade de Mariana e em mais 40 cidades em Minas Gerais. Atingiu também alguns municípios do Espírito Santo. As tais barragens eram depósitos de rejeitos (materiais que são descartados).

OK. Mas a lama pode causar tanta destruição assim?

Pode e causou. A barragem armazenava muito material. Foram 62 milhões de metros cúbicos de material. Isso equivale a 1/3 da capacidade da represa de Guarapiranga, uma das que abastece a cidade de São Paulo.

Esse rejeito tem substâncias tóxicas?

Não. Ele é formado por lama, água e óxido de ferro.

Qual é o problema da lama, então? Não é só limpar?

É impossível limpar tudo. A área atingida é muito grande.

Quais são as consequências desse vazamento?

Para começar, 19 pessoas morreram e milhares ficaram desabrigadas. Além disso, a lama endureceu e impediu que animais e vegetais sobrevevissem e de desenvolvessem. É difícil plantar ou construir nas áreas atingidas porque o terreno ficou instável. Os prejuízos para as cidades e os moradores foram milionários. Uma das consequências que a lama está causando é o assoreamento, o acúmulo de sedimentos na calha do rio, causando impactos socioeconômicos e ambientais. Segundo o Ibama, houve alterações nos padrões de qualidade da água. Um dos impactos é a morte de animais, terrestres e aquáticos, por asfixia.

A região vai se recuperar?

Dificilmente. Especialistas dizem que pode levar séculos para o ambiente se recuperar. A lama que se espalhou por Minas Gerais e Espírito Santo impede que matéria orgânica cresça. 

Que empresa é essa, Samarco? É do governo?

Não, é uma empresa privada.  A Vale (mineradora que era estatal e foi privatizada durante o governo FHC) é uma das acionistas da Samarco, com uma participação de 50% no capital por meio de uma joint venture com a BHP Billiton, a maior empresa de mineração do mundo.

Alguém foi responsabilizado pelo acidente?

Ainda não. Mas no dia 20 de outubro de 2016, o Ministério Público Federal em Minas Gerais denunciou as empresas Samarco, Vale, BHP Billiton e VogBR e mais 22 pessoas pela tragédia. 21 delas foram acusadas de homícidio. Os outros crimes indicados pelos promotores são a apresentação de laudo ambiental falso, inundação, desabamento, lesão corporal e crimes ambientais. As penas podem ser de até 54 anos de prisão, além do pagamento de multas e indenizações às vítimas.

Quando esse caso será julgado?

Isso ainda não tem data para acontecer. Agora, a justiça mineira precisa aceitar a denúncia e marcar as audiências.


Saiba mais:

Me Explica?: Entenda a tragédia de Mariana, em Minas Gerais

Mundo Educação: Acidente em Mariana (MG) e seus impactos ambientais

G1: MPF denuncia 22 pessoas e quatro empresas por desastre em Mariana

G1: Volume vazado em Mariana equivale a 1/3 da capacidade da Guarapiranga

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