FOTO: JOHAN HANSSON/FLICKR/CREATIVE COMMONS)
Texto publicado originalmente no site da revista Galileu em 7/2/2014.
Na terça-feira, 4, uma parte do Brasil ficou no escuro. Bom, quase, porque era dia. Durante pouco mais de 40 minutos, as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste ficaram sem energia elétrica. Cerca de cinco milhões de casas em empresas em 13 estados e no Distrito Federal foram prejudicadas justamente quando o calor bate recordes em cidades como Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.
As causas desse incidente ainda não estão claras. O governo afirma que a falha foi causada por dois curto-circuitos ocorridos em duas linhas de transmissão no Tocantins, que levam eletricidade da região Norte (onde é produzida) ao Sudeste. Por conta dessa falha, um sistema de segurança que protege a rede brasileira foi acionado e causou o apagão, deixando várias cidades às escuras. A ideia é que a luz seja cortada automaticamente em alguns lugares para que o problema não se espalhe pela rede toda. Assim, as regiões Sul, Sudeste em Centro-Oeste ficaram “sem comunicação” com o resto do país para evitar danos maiores.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse que não foi um excesso de demanda a causa da falta de luz. O diretor-geral do órgão, Hermes Chipp, disse que um raio poderia ter causado o problema nas linhas de transmissão. Outra explicação possível ventilada durante essa semana é a de que haveria um excesso de consumo no país, causado justamente pelo verão atipicamente escaldante. Essa é uma hipótese defendida por quem vê falta de investimentos do governo brasileiro em infraestrutura aliado a excessivos incentivos ao consumo da população. Em maio do ano passado, o governo decidiu subsidiar a tarifa de luz. Na prática, os cofres públicos estão bancando uma parte da conta dos brasileiros para incentivar e movimentar a economia.
Há um eco do ano de 2001, quando o Brasil sofreu com a chamada “crise energética”. Naquela época, os problemas de abastecimento foram causados por deficiências estruturais no sistema do país, que não aguentava a demanda. Em comum com aquele ano, há a falta de chuvas, necessárias para manter os reservatórios de água e alimentar as usinas hidrelétricas, principais fontes de energia do país.