Fiquei sabendo que ontem o Jornal Nacional mostrou umas coisas novas a respeito do caso Marielle Franco. O que foi?
Isso mesmo. O Jornal Nacional, da TV Globo, revelou que um dos envolvidos no caso Marielle Franco, chamado Élcio Queiroz, pediu para ir à casa do presidente Jair Bolsonaro na noite do crime, um pouco antes da execução da parlamentar e de seu motorista, Anderson Gomes.
Peraí, como assim?
Explico melhor: o porteiro do condomínio onde Bolsonaro mora deu um depoimento dizendo que Élcio Queiroz foi à portaria e pediu para ir ao número 58, a casa do presidente. Então, o porteiro fez uma ligação para a residência e uma pessoa que ele acredita ser Jair Bolsonaro autorizou a entrada de Queiroz. De acordo com o depoimento, Queiroz teria ido à casa de número 66 em vez de ir à 58. O porteiro conta no depoimento que ligou de novo para a casa do presidente avisando que o convidado estava indo para a casa errada. A pessoa que falou com ele teria dito que sabia que Queiroz iria para outra casa. A voz seria, de novo, a voz de Jair Bolsonaro, segundo o porteiro.
E o que a casa número 66 tem a ver com isso?
Não sei se você se lembra, mas nessa casa mora Ronnie Lessa, acusado de ter feito os disparos que mataram Marielle e Anderson. Na casa dele também foram encontrados mais de 100 fuzis.
De onde veio esse depoimento?
A TV Globo teve acesso a esse documento. Além disso, a reportagem da emissora também checou o livro de visitas do condomínio e verificou que Queiroz de fato apareceu por lá no dia em questão e pediu para ir à casa 58, onde mora Bolsonaro.
A Rede Globo está acusando Bolsonaro de matar Marielle?
Não. Até porque ele estava em Brasília nesse dia e participou de duas votações. O que a emissora mostrou, até aqui, foi que pode ser que exista alguma conexão entre pessoas próximas ao presidente e os assassinos da vereadora.
O que Bolsonaro disse a respeito disso tudo?
Ele ficou bastante irritado e acusou a TV Globo de persegui-lo. Até ameaçou não renovar a concessão da emissora em 2022. Um dos seus filhos, Carlos, supostamente teve acesso aos registros do condomínio e, de acordo com ele, não existiu a tal ligação para a casa de seu pai. O presidente também pediu ao Ministro da Justiça, Sergio Moro, que investigasse o tal depoimento do porteiro e que a Polícia Federal interrogue a testemunha. Pediu que a Procuradoria Geral da República se envolvesse no caso. Bolsonaro também disse que o porteiro pode ter assinado o depoimento sem ter lido o que estava escrito no documento –sugerindo que existe alguma armação na própria investigação.
Mas se ele falou para a Polícia Federal investigar então está tudo bem. Logo a gente vai saber da verdade, não é?
Bolsonaro não pode dar ordens para que a PF se envolva porque isso seria usar uma instituição pública para fins privados. Mesmo ele sendo presidente da república não pode fazer isso. Há quem diga que se ele tentar fazer isso, pode ser aberto um impeachment.
Saiba mais:
https://meexplica.com/2018/03/assassinato-vereadora-marielle-franco/
https://www.poder360.com.br/governo/bolsonaro-aciona-moro-para-porteiro-depor-novamente/