Tem reviravolta no tabuleiro de Brasília — e das grandes. Dois dos maiores partidos do Congresso, o PP (Progressistas) e o União Brasil, resolveram pular fora do governo Lula. Pois é, o tal Centrão está arrumando as malas.
Mas o que isso quer dizer, na prática? O governo vai desmoronar? E por que esse movimento agora, a pouco mais de um ano da eleição presidencial?
⚙️ O que está acontecendo
No início de setembro, o PP e o União Brasil anunciaram oficialmente que deixariam a base aliada do governo. As legendas, que agora formam uma federação (uma espécie de casamento político para agir como um só partido) deram 24 horas para seus filiados entregarem os cargos no governo. Quem insistir em ficar pode ser expulso.
A decisão atinge em cheio dois ministros: André Fufuca (Esporte, PP) e Celso Sabino (Turismo, União Brasil). Eles foram indicados como parte do acordo com o Centrão.
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🤔 Por que essa debandada do centrão?
Em uma palavra: eleição.
O Centrão é movido por pragmatismo, ou seja: entra e sai de governos conforme o vento eleitoral. E o vento, neste momento, sopra para a direita. Com Jair Bolsonaro fora do jogo por causa da inelegibilidade, PP e União Brasil estão de olho em quem pode ocupar esse espaço. O nome mais cotado é o de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, visto como o herdeiro natural do bolsonarismo.
Além disso, há um misto de cálculo e insatisfação. Os partidos reclamam da pouca influência no governo, do ritmo lento na liberação de verbas e da instabilidade na popularidade de Lula. No fundo, é uma tentativa de se reposicionar: deixar de ser apenas o “apoio de ocasião” e se apresentar como a nova força da direita moderada.
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🏛️ O tal “presidencialismo de coalizão”
Pra entender o tamanho do impacto, vale lembrar como o sistema político funciona no Brasil. O presidente não governa sozinho. Ele precisa de uma base de apoio no Congresso, e isso se conquista com negociações políticas, ministérios e cargos.
Esse arranjo é o que se chama de presidencialismo de coalizão: uma espécie de “parceria”. Só que, quando as eleições se aproximam, cada partido faz suas contas: vale mais continuar dentro do governo ou romper e tentar o poder por conta própria? Desta vez, PP e União Brasil decidiram romper.
💥 Esse desembarque é comum? Ou Lula está perdendo o controle?

É bem mais comum do que parece. O chamado “desembarque” partidário virou tradição por aqui.
Em 2016, o PMDB abandonou Dilma Rousseff e abriu caminho para o impeachment. Em 2018, PSDB e PPS deixaram Michel Temer antes da eleição. Entre 2021 e 2022, DEM e MDB se afastaram de Bolsonaro. Agora é a vez de PP e União Brasil deixarem Lula, mais um capítulo na novela das alianças que mudam conforme o calendário eleitoral.
No fim, é instinto de sobrevivência: partidos querem chegar fortes em 2026, com tempo de TV, dinheiro e liberdade pra colar em quem estiver crescendo nas pesquisas.
🧭 E o que muda pra Lula sem o Centrão? Ferrou?
O governo perde fôlego no Congresso. Juntos, PP e União Brasil somam mais de cem deputados, um baita pedaço da base. Isso deve dificultar votações importantes, como reformas econômicas e medidas provisórias.
Mesmo assim, Lula ainda tem apoios importantes: o MDB, o PSD e a esquerda mais fiel continuam na base. E se tem algo que ele sabe fazer é negociar. Mas vai precisar redobrar a paciência. Sem o Centrão, o governo fica menor, porém mais ideologicamente coeso.
🔮 E daqui pra frente?
O cenário das eleições de 2026 começa a ganhar forma. De um lado, o Centrão tenta se firmar como a nova cara da direita. De outro, o PT trabalha pra segurar a governabilidade e o desgaste até lá. No meio, Tarcísio de Freitas surge como possível nome competitivo à Presidência.
No fim das contas, a saída de PP e União Brasil não é uma ruptura isolada, é o começo de uma nova partida no tabuleiro político. E, como a gente bem sabe, em Brasília quem sai do governo hoje pode muito bem estar voltando amanhã.
Quer saber mais?
- UOL – Federação de PP e União Brasil oficializa saída do governo Lula
- O Globo – Ministro do Esporte decide permanecer no governo e é punido, diz Ciro Nogueira
- JOTA – O real impacto da saída de União Brasil e PP do governo Lula
- Agência Brasil – PP e União saem do governo para herdar voto bolsonarista, diz analista
- G1 – União Brasil e PP anunciam que filiados devem deixar cargos no governo Lula