Você já teve a sensação de que alguns políticos do Brasil vivem num “modo invencível”, como aqueles personagens de videogame que nunca perdem a vida? Pois é, essa impressão ficou ainda mais forte depois que a Câmara dos Deputados aprovou a chamada PEC da Blindagem (Proposta de Emenda à Constituição, ou seja, uma mudança na Constituição), que agora segue para análise no Senado.
Mas o que exatamente está em jogo? Por que tanta polêmica? E será que essa proposta é mesmo um escudo para a democracia ou só mais uma forma de blindar políticos de problemas na Justiça? Vamos por partes.
🛡 O que é a PEC da Blindagem?
A “PEC da Blindagem” é uma mudança na Constituição que cria novas barreiras para investigar, processar e até prender deputados, senadores e presidentes de partidos. A ideia, segundo seus defensores, é evitar “abusos de autoridade” por parte da Justiça. Mas, para os críticos, o texto cria um sistema de proteção que beneficia principalmente quem quer escapar da lei.
⚖️ O que muda na prática?
Hoje, parlamentares já contam com algumas proteções — como o foro privilegiado (regra que manda processar autoridades apenas no Supremo Tribunal Federal, em vez de tribunais comuns) e a regra de só poderem ser presos em flagrante em crimes inafiançáveis (aqueles tão graves que não permitem fiança, como racismo ou tortura).
A PEC amplia bastante essas barreiras. Com ela, qualquer processo criminal contra deputados e senadores só poderia avançar se o próprio Congresso der o aval, em votação, dentro de 90 dias. É como se o juiz precisasse pedir “autorização” ao réu para poder julgá-lo.
As prisões também ficariam muito mais raras: mesmo em caso de flagrante, a Câmara ou o Senado teriam 24 horas para decidir se mantêm ou não a detenção.
E não para por aí: presidentes de partidos com representação no Congresso também passariam a ter foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país, que interpreta a Constituição).
No fim das contas, deputados e senadores ganhariam um escudo extra contra investigações e punições.
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👥 Quem está por trás da PEC da Blindagem?
A PEC foi apresentada em 2021, com articulação de partidos do Centrão (um grupo informal de partidos que se une mais por interesse político do que por ideologia) e do PL. Mas agora em 2025 o assunto voltou à tona e avançou. Na votação na Câmara dos Deputados, recebeu 344 votos a favor e 133 contra. O apoio veio principalmente do PL, Republicanos e PSD, mas também contou com parte do PT — que se dividiu na votação. Já PSOL e PCdoB foram totalmente contra.
🤔 Por que chamam de “PEC da Bandidagem”?
O apelido pegou entre os críticos porque, na visão deles, a proposta transforma o Congresso num “clube do privilégio”. A lógica é simples: se deputados e senadores passam a ter o poder de decidir se eles mesmos podem ser investigados ou presos, fica muito mais fácil escapar de acusações de corrupção ou outros crimes.
É como se um grupo de amigos decidisse que só pode ser punido se todo mundo concordar. Convenhamos… não parece muito eficiente para garantir justiça.
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📌 Já está valendo?
Ainda não. A PEC foi aprovada pela Câmara, mas precisa passar também pelo Senado, em dois turnos de votação (etapas obrigatórias para mudar a Constituição). Só depois disso ela passa a integrar o texto constitucional.
🚫 Lula pode vetar a PEC da Blindagem?
Não. Emendas constitucionais não passam pelo presidente da República. Ou seja, Lula não tem poder de veto sobre a PEC.
⚖️ E o STF, pode barrar?
O Supremo até pode agir, mas só se for provocado — por partidos, entidades ou autoridades — e apenas se entender que a PEC fere princípios básicos da Constituição, como a igualdade de todos perante a lei ou a separação dos Poderes (regra que impede que Legislativo, Executivo e Judiciário ultrapassem os limites uns dos outros). Isso é raro, mas não impossível.
🌪 E agora?
O próximo capítulo acontece no Senado, onde a resistência deve ser maior. Senadores já sinalizaram desconforto com a proposta e podem tentar frear ou alterar o texto. Mesmo assim, se a PEC passar por lá, a discussão deve acabar chegando ao STF.
Enquanto isso, a pressão da sociedade e a repercussão pública vão ter um papel importante. Afinal, estamos falando de uma medida que pode mudar de vez a forma como políticos respondem (ou não) à Justiça no Brasil.