(Foto: Wikimedia Commons)

Você me prometeu que explicaria os protestos da Ucrânia, então não foge: O que está acontecendo por lá?
Não fujo, não! Essa caso da Ucrânia é complicado, mas vamos lá: Desde novembro do ano passado, partidos da oposição e muitos outros grupos estão protestando contra o governo do presidente Viktor Yanukovich. Essas pessoas estão se concentrando numa praça no centro da capital do país, Kiev.

E por quê?
Eu vejo na TV algumas pessoas dizendo que é porque os ucranianos querem entrar na União Europeia e o presidente recusou um acordo com a organização em favor de uma aproximação com a Rússia. Isso é verdade e motivou o começo dos protestos. Mas o que fez a mobilização crescer em Kiev (e no resto do país) foi a reação violenta da polícia aos protestos que a decisão de recusar o acordo com a UE causou. Pelo menos é isso o que um jornalista ucraniano escreveu no Business Insider.

Então é isso? Eles estão bravos com a polícia?
Não é só isso. O presidente Yanukovitch faz parte de uma elite que está no poder e controla os rumos do país. Esse grupo tem ligações com as grandes empresas de mídia, então o governo não sofre muitas críticas. Os opositores também criticam Yanukovitch por favorecer a Rússia e ser muito próximo do presidente daquele país, Vladimir Putin. A população ucraniana também está insatisfeita com o excesso de poder que o presidente concentra em suas mãos. E com a dependência econômica da Ucrânia em relação a Moscou.

Ele é um ditador?
Não, Yanukovitch foi eleito democraticamente em 2010.

Mas essa violência toda está acontecendo desde 2013? 
Sim, mas as coisas começaram a ficar piores no começo de 2014 (em 16 de janeiro), quando o governo aprovou leis para impedir protestos. As manifestações ficaram mais intensas e, em 22 de janeiro, duas pessoas morreram, atingidas por tiros. A revolta também está acontecendo em outras partes do país e prédios do governo foram ocupados pelos manifestantes.

Ninguém fez nada? 
Fizeram sim: o parlamento anulou as tais leis anti-protesto; o primeiro-ministro do país, Mykola Azarov, renunciou ao cargo, numa tentativa de acalmar a oposição.

E adiantou alguma coisa? 
Bom, até que sim. O governo começou a tentar dialogar com os manifestantes e chegou a propor uma acordo de trégua: quem foi preso seria solto desde que as pessoas saíssem da Praça Independência e dos prédios públicos.

Como os confrontos voltaram a acontecer?
O parlamento ucraniano ia tentar colocar a constituição de 2004 (que dava menos poderes ao presidente) em vigor de novo. Mas não houve acordo e no dia 18, os protestos voltaram e a violência aumentou.

Eu vi que um monte de gente morreu…
Pois é. Ontem (20 de fevereiro de 2014), 39 pessoas morreram nos confrontos, somando 75 desde o último dia 18.

É uma guerra civil?
Por enquanto não: os confrontos são entre o povo (manifestantes) e o Estado (polícia). Mas pode virar uma. O país é bastante dividido. A parte oeste é mais próxima da Europa Ocidental e a leste, da Rússia.

É uma revolução?
Eu diria que não. Mesmo a oposição não está interessada em desmontar o regime de governo que está em vigência, apenas mudar algumas características do sistema política e impedir que o atual presidente continue tomando decisões sem levar em conta a vontade da população. *Existe também a informação de que grupos de extrema direita são responsáveis pelo aumento da violência com a intenção de desestabilizar ainda mais o país.

*Adicionado às 10h53 por sugestão da leitora Isabela

E os outros países do mundo? Não vão fazer nada?
Depois de muito ameaçar, a União Europeia resolveu punir o país por causa da violência: vai proibir a importação de equipamento para uso na repressão a protestos e congelar bens e negar visto a quem for considerado responsável pelo que está acontecendo no país.

Você não gosta, mas vou perguntar: O que vai acontecer?
Olha, minha bola de cristal está lavando, me desculpe. Eu realmente não sei o que vai acontecer (como sempre). Hoje (21 de fevereiro), o presidente anunciou que o país terá eleições antecipadas até dezembro e que vai restaurar a Constituição de 2004, que reduz os poderes do Executivo. Ou seja: parece que um acordo está próximo de sair, mas ainda não podemos dizer isso com certeza.

Saiba mais:
BBC (em inglês): Entenda o caso
Business Insider (em inglês): Jornalista ucraniano explica os protestos
The Atlantic (em inglês): Como a crise da Ucrânia foi do acordo à carnificina
UOL: Trégua na Ucrânia é quebrada
Galileu: Por que os ucranianos estão protestando?
G1: Sanções da UE à Ucrânia incluem bloqueio de bens

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