O drama já dura algumas semanas. O que será que as delações da Odebrecht vão mostrar? Enquanto o sigilo dessas delações continua, não há como saber que será acusado pela força-tarefa da Lava Jato. O que sabemos é que o conteúdo desses depoimentos está deixando os políticos bastante ansiosos. E eles têm razão para estarem com medo.
Inocente até que se prove o contrário
Em primeiro lugar, é preciso entender o que pode acontecer quando essa lista for divulgada. Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República, pode pedir que se abram inquéritos. Isso quer dizer que ele vai dizer o seguinte ao STF: “Olha, a partir desses dados todos que nós juntamos, recomendamos que essas pessoas sejam investigadas e eventualmente julgadas”. Ele também pode pedir que documentos sejam apreendidos, pode pedir prisão preventiva, entre outras coisas. Apesar de ser um momento importante da Lava Jato, precisa ficar claro que esse é ainda é um momento de investigação. As condenações só vão acontecer quando o STF avaliar os casos, ouvir os dois lados e dar uma sentença.
Janot no comando
As delações da Odebrecht ficaram sob a responsabilidade de Janot porque as denúncias feitas pelos executivos da empresa envolvem pessoas com foro privilegiado (ministros, senadores, deputados, governadores). A Procuradoria-Geral da República é o órgão responsável por investigar quem tem foro. É possível que a PGR envie pedidos de inquérito que envolvam pessoas sem foro a instâncias menores da justiça.
Botando ordem na casa
A demora dessa história toda é culpa da complexidade do que tem que ser feito. Os procuradores precisam destrinchar tudo o que foi dito e organizar o material para saber se alguém mais precisa ser investigado, onde os documentos necessários podem ser encontrados, se mais alguém precisa ser interrogado. Há muitos detalhes envolvidos.
Temer temendo
Especula-se que sejam feitos 80 pedidos de inquérito a partir dos acordos que os executivos da Odebrecht fizeram com a Justiça. Muitos deles provavelmente têm foro privilegiado e serão julgados pelo STF. A partir dessa informação, é possível imaginar que o governo de Michel Temer deve sofrer um grande baque quando esses documentos forem revelados. Eliseu Padilha e Moreira Franco foram citados em uma delação que acabou se tornando pública e são dois dos políticos que serão alvo de inquérito.
Maior galera
Ainda não dá para saber quantos políticos foram citados. Mas há quem diga que são mais de 200 nomes, entre os que têm foro privilegiados e os que não têm.
Ritmo lento
No ano passado, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, apresentou uma lista com 31 pedidos de abertura de inquéritos. Desse total, cinco políticos estão respondendo a processo (ou seja, viraram réus), e ninguém foi condenado ainda.
Medo da fama
Os delatores estão preocupados com a divulgação dos vídeos dos depoimentos que deram ao Ministério Público. Eles querem que esse material não seja divulgado porque têm medo que os executivos sejam hostilizados. Os advogados terão de entrar com um pedido para que os vídeos continuem em sigilo. O que foi dito nos depoimentos, porém, ficará público.
Expansão internacional
O impacto dessas delações não será sentido apenas aqui no Brasil. O pagamento de propinas pela Odebrecht está sendo investigado em doze países – como Equador e Peru. O conteúdo dessas investigações deve ficar sob sigilo até o meio deste ano por conta de um acordo feito entra as autoridades do Brasil e as dos países envolvidos.