Essa é a coluna Sem Dúvida publicada na versão impressa da revista Galileu de setembro (que já está nas bancas): http://glo.bo/1aEE99u
Existe vacina brasileira contra a AIDS?
Sim, existe, mas ainda é cedo para comemorar a cura da doença. O fato é que ainda estamos longe de resolver o problema. A contribuição nacional para que isso aconteça no futuro se chama imunizador HIVBr18 e vem sendo desenvolvida desde 2001 pelos pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Edecio Cunha Neto, Jorge Kalil e Simone Fonseca, mas ainda está em fase de pesquisa.
Cunha Neto e Kalil identificaram em portadores do vírus um tipo de célula do sistema imune que mantém o HIV sob controle. Segundo eles, a vacina seria capaz de conter a presença do vírus no organismo, evitando os sintomas da doença (como a imunodeficiência) e impedindo a transmissão do vírus. Ou seja, ela não eliminará completamente o HIV nem impedirá que ele se instale no organismo. Porém, ela ainda não foi testada em seres humanos.
A fase anterior do estudo mostrou que o HIVBr18 consegue reduzir a quantidade de vírus no organismo de camundongos a 1/50 do original. Agora é o momento de observar como o imunizador agirá em macacos, cujos testes começarão este semestre. Como eles não são afetados pelo HIV, será usado o SIV, que deu origem ao vírus que causa a Aids. Essa fase do experimento deve durar dois anos, se os resultados forem bons e houver dinheiro para financiar a pesquisa — o custo total até agora foi de R$ 1 milhão; estima-se que sejam necessários R$ 250 milhões para que a pesquisa chegue à fase de testes clínicos. A partir daí, pessoas saudáveis com baixo risco em contrair o vírus HIV receberão a vacina para verificar sua segurança, como o sistema imune reage e a permanência dos anticorpos no organismo.
CORRUPÇÃO
O que é um cartel?
Funciona assim: um grupo de empresas que vendem os mesmos produtos e serviços (ou seja, concorrentes) percebe que, se elas se juntarem, podem lucrar mais e ter mais poder de barganha. O que elas fazem? Reúnem-se e decidem que o preço do que elas vendem (digamos, só para dar um exemplo, trens de metrô) não será menor do que o valor mínimo estabelecido por elas próprias. As razões para isso são muitas. Às vezes, empresas se juntam num cartel para eliminar uma concorrente – e ganhar mais dinheiro. Noutras, para conseguir aumentar o preço do que vendem e, adivinhe, ganhar mais dinheiro. E se você pensou que isso deveria ser proibido, está certo. A prática é proibida pelo mundo todo e no Brasil. Quem participa de cartel pode acabar pagando multa, perder o acesso a financiamentos, benefícios fiscais e licitações e até ir parar na cadeia.
DIOGO ANTONIO RODRIGUEZ é jornalista, cientista social e autor do blog Me Explica?, onde destrincha atualidades e notícias, www.meexplica.com.
(Imagem: Wikimedia Commons)