(Foto: Wikimedia Commons)
Que história é essa do calote que a Argentina vai dar?
Bom, a história é a seguinte: Em 2001, a Argentina estava numa crise geral. O governo ficou sem dinheiro e anunciou que não tinha como pagar a dívida pública do país. Então, propôs aos seus credores uma renegociação da dívida da Argentina. Passou alguns anos conversando com esses credores e conseguiu chegar a acordos com quase todos. Em 2010, 92,5% dessa dívida estava renegociada e a Argentina teria como pagar a sua dívida pública.
O que é dívida pública?
É uma quantidade em dinheiro que um governo deve à sociedade. Podem ser empresas ou pessoas físicas. No Brasil, por exemplo, qualquer um pode comprar um título da dívida pública.
O que significa comprar títulos da dívida pública?
É fácil de entender, não se preocupe. Pense assim: é como se empresas e pessoas estivessem emprestando dinheiro para o governo. O governo assina uma nota promissória (o título) e promete devolver o dinheiro mais os juros. Muitas vezes, paga valores acima da taxa de juros.
O que aconteceu com o resto da dívida da Argentina?
Pois é, eu disse que 92.5% da dívida foi renegociada, certo? Mas uma parte dos credores da Argentina não aceitou essa renegociação e queria receber os valores totais que tinham emprestado ao nosso país vizinho.
E quem são esses credores que não aceitaram a renegociação?
São fundos de investimentos especulativos que, você deve ter visto por aí, são chamados de “fundos abutres”. Eles entraram na justiça em Nova York, nos Estados Unidos, para receber o dinheiro da dívida pública.
Quanto a Argentina está devendo aos fundos abutres?
No total, Está devendo US$ 15 bilhões aos fundos que não aceitaram renegociar a dívida. A justiça dos Estados Unidos determinou que a Argentina teria que pagar a um desses fundos, chamado NML, US$ 1,3 bilhão até o dia 30 de julho.
A Argentina pagou a esse fundo NML?
Pagou, mas não o valor total determinado pela justiça dos Estados Unidos. A Argentina depositou “só” US$ 539 milhões porque, se reconhecer a dívida total, pode ter que pagar tudo o que deve a todos os outros fundos, ou seja, os US$ 15 bilhões. Para você ter uma ideia, o dinheiro de reserva que a Argentina tem hoje é US$ 30 bilhões. Pagar toda essa dívida de uma só vez iria causar uma crise ainda maior na economia do país.
Então a Argentina deu mesmo um calote?
Não é oficial porque ainda existe um prazo extra de 30 dias para a dívida ser paga. Se até o fim desse prazo o dinheiro não for pago, pode-se dizer que sim, que a Argentina deu um calote.
Mas calma: se a Argentina está devendo, não teria que pagar tudo?
Na teoria sim, mas o país acha que o valor cobrado é injusto porque, se tiver que pagar tudo de uma vez, a economia do país pode ser comprometida. Por isso, o governo de lá está pensando em pedia ajuda a mediadores internacionais (como a ONU) para resolver essa questão.
O calote da Argentina afeta o Brasil?
Não há um consenso a respeito disso. Uma reportagem da BBC Brasil mostrou que alguns especialistas acham que isso pode prejudicar o nosso país, já que não vai haver dinheiro para pagar dívidas nem comprar produtos de exportação brasileiros. Outros acham que não, já que o comércio com os nossos vizinhos já vinha caindo e uma queda maior não vai atrapalhar nossa economia.
LEIA MAIS
– Entenda a disputa da Argentina com credores da dívida pública (UOL)
– Entenda o que é dívida pública (R7)
– Corte Suprema dos EUA recusa apelo da Argentina (Estadão)
– Kirchner diz que quer paga a dívida, mas “de forma justa” (Fala Brasil)
– Argentina pode recorrer a Haia e ONU em crise da dívida (Folha)
– Analistas se dividem quanto ao grau de contaminação do Brasil por calote argentino (BBC Brasil)