Qual aplicativo de mensagens pode decidir a eleição para presidente do Brasil neste ano? Se você respondeu Telegram, você acertou! Quer entender essa história? Fica aqui que a gente explica!

O que o Telegram tem a ver com as eleições do Brasil?

O Telegram acho que quase todo mundo conhece, né? Se tiver alguém que nunca ouviu falar, eu explico: é um aplicativo de mensagens, tipo o WhatsApp. Ele é muito usado em vários países, inclusive aqui no Brasil. Segundo o Tecnoblog, que é um site especializado em tecnologia, o Telegram é o aplicativo que mais ganhou usuários no ano passado no mundo inteiro! No total, o aplicativo tem mais de 500 milhões de usuários.

É bastante, mas menos que o WhatsApp, que é usado por mais de 3,5 BILHÕES de pessoas. Aqui no Brasil, 53% dos smartphones têm o aplicativo do Telegram instalado, ou seja, a maioria dos aparelhos.

Tá, mas como o Telegram pode influenciar as eleições?

A gente sabe que os aplicativos de mensagens hoje em dia são veículos muito importantes para compartilhar links, vídeos, fotos, memes, enfim, um monte de coisas. Durante as eleições, essas informações circulam ainda mais. É só lembrar das eleições de 2018. Muitos especialistas dizem que o uso do WhatsApp em 2018 foi importanhe na vitória do atual presidente do Brasil, o Bolsonaro.

Porque esses aplicativos são tão importantes?

Bom, primeiro porque muita gente usa, são milhões de brasileiros mandando mensagens todos os dias. Hoje em dia, a gente faz muita coisa no WhatsApp. Pede comida, faz compras, trabalha, enfim, de tudo um pouco. Segundo, porque as informações são enviadas entre pessoas que têm algum tipo de relação com a gente: nossos esposos e esposas, pais e mães, amigos, irmãos e irmãs, parentes, colegas de trabalho, enfim, pessoas que a gente conhece. Quando alguma vem de uma pessoa que a gente conhece, a gente tende a confiar mais nas informações, mesmo que elas não sejam verdade. É lógico que nas eleições, os partidos e candidatos usam essas ferramentas. Alguns usam para o bem, para fazer campanha e conquistar votos, mas outros usam para o mal, espalhando mentiras sobre os adversários para confundir os eleitores. A questão é tão séria que o STF está analisando um caso que tem relação com aplicativos como o Telegram.

E que caso é esse que o STF está analisando?

É um pouco complexo e não vou entrar em todos os detalhes, mas resumindo é o seguinte: o STF está analisando se a lei brasileira permite tirar do ar esse tipo de aplicativo, Telegram e WhatsApp. Tirar do ar por quê? Tirar do ar se as empresas que são donas desses programar se recusarem a cumprir decisões da justiça. E que decisões da justiça? Por exemplo, a justiça pode pedir dados de usuários que estejam cometendo algum tipo de crime. Aliás, isso já aconteceu aqui no Brasil. O WhatsApp já ficou fora do ar por decisão da justiça algumas vezes porque não repassou informações de pessoas suspeitas de cometer crimes.

Então quer dizer que o STF está decidindo se a justiça pode tirar esses aplicativos do ar se alguma coisa irregular acontecer, é isso?

Sim, é isso mesmo. A questão é bem complexa, Edu. Como eu disse, a justiça já pediu o bloqueio do WhatsApp antes porque a empresa se recusou a fornecer informações sobre pessoas suspeitas de cometer crimes. Na época em que isso aconteceu, a justiça foi criticada porque milhões de pessoas ficaram sem acesso ao app. Mas, depois de muita conversa, o WhatsApp e as autoridades brasileiras começaram a conversar e a empresa se comprometeu a ajudar em investigações. O problema agora é o Telegram.

Qual é a questão com o Telegram? Eles não conversam com as autoridades aqui do Brasil?

Sim, é exatamente esse é o problema. Embora o WhatsApp ainda seja usado para mandar fake news e fazer campanha ilegal, a empresa tem criado ferramentas para impedir que irregularidades aconteçam. O Telegram não. A empresa não responde às tentativas de contato da justiça do Brasil. Então, o Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, está considerando simplesmente bloquear o Telegram para impedir que ele seja usado durante a campanha.

Mas o TSE simplesmente decidiu que vai fazer isso?

Não. Nada foi decidido ainda. O TSE pode bloquear o Telegram, mas como último recurso. Como eu disse, as autoridades brasileiras tentaram entrar em contato com os donos do Telegram, mas a empresa não responde. Aliás, eles nem têm um escritório no Brasil. O TSE tem conversado com empresas como Meta, a dona do WhatsApp e Facebook, Google e outras, para criar parcerias justamente para impedir que as fake news sejam disseminadas e punir quem não respeitar as leis do país.

E por que o TSE não fala com o dono do Telegram? Aliás, o Telegram tem um dono, tem um Mark Zuckerberg?

Tem sim. Ele se chama Pavel Durov. O Telegram foi criado na Rússia, mas a sede é nos Emirados Árabes Unidos. A Folha de S.Paulo conta que o TSE mandou ofícios para o escritório da empresa, mas os documentos não foram entregues.

O Telegram está sendo usado para fazer coisas ilegais?

Sim. E não só para espalhar notícias falsas. Uma reportagem do Correio Braziliense mostrou que o Telegram está sendo usado para distribuir pornografia infantil, vender armas e dados de pessoas, como o número do CPF. E tem outro problema: segundo o pessoal que é especialista em tecnologia, o Telegram não protege a privacidade dos usuários.

Então o Telegram é um aplicativo do mal?

Essas questões nunca são tão simples assim. É verdade que o Telegram tem vários problemas e que eles não dão satisfação à justiça daqui do Brasil, Mas, ao mesmo tempo, o aplicativo tem sido muito usado durante a guerra da Rússia contra a Ucrânia para compartilhar informações que a imprensa da Rússia não divulga em seus canais oficiais. O presidente da Ucrânia, inclusive, tem usado seu canal do Telegram para se comunicar com os cidadãos do país.

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