Coluna da edição de dezembro da Revista Galileu. Leia o original aqui. 

Nos últimos anos, Eike Batista marcou um “X” no mundo dos negócios brasileiros. Era um dos empresários mais admirados e invejados no país, recebendo elogios por sua capacidade de administrar e atrair empreendimentos milionários. Só que em 2013, a maré mudou para as empresas com “X” no nome — sua marca registrada — e ele as está vendo afundarem uma a uma. O que aconteceu?

Em poucas palavras: Eike prometeu muito e entregou pouco. Ao mostrar grandes projeções de lucro de suas iniciativas, ele convenceu investidores e o governo a abrirem o bolso — e aí entrou até dinheiro do BNDES. O problema é que as projeções não se mostraram verdadeiras. Uma boa parte disso se deve ao fato de que o grupo EBX apostou muitas de suas fichas no petróleo.

O conglomerado montou negócios em áreas como logística, mineração, construção naval e petróleo. Em todas, o investimento inicial é alto — assim como os riscos. Só que todas as iniciativas dependiam do sucesso da petroleira OGX para também prosperarem. O problema é que neste ano a OGX revelou que seus campos renderiam menos que o prometido. A estimativa passou de 1,8 bilhão de barris de petróleo para apenas 315 milhões. Eike já sabia disso desde 2012, mas isso é outra história. Muita gente havia investido dinheiro na OGX e resolveu pular fora, o que desvalorizou a empresa na bolsa e a fez pedir concordata em novembro. Sozinha, ela deve mais de US$ 11 bilhões. A quebra da empresa responsável por cerca de dois terços do valor do grupo EBX causou um efeito dominó nas outras companhias e no prestígio de Eike.

Para diminuir as perdas, Eike tenta desmantelar o grupo e vender seus outros braços. O estrago já está feito, no entanto. De ultrabilionário, passou a milionário e está sendo chamado de “garoto pobre” por publicações de negócios. Sua fortuna foi estimada em US$ 30 bilhões no ano passado. Agora, não passa de US$ 200 milhões, de acordo com o índice Bloomberg Billionaries. Sem a confiança do mercado nem apoio do governo, Eike provavelmente vai virar um “X” a ser ignorado na multidão do mundo empresarial.


DIOGO ANTONIO RODRIGUEZ é jornalista, cientista social e autor do blog Me Explica?, onde destrincha atualidades e notícias, www.meexplica.com

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